“A trombose é a formação de um coágulo dentro de um vaso. A trombose, em verdade, faz parte da evolução do ser humano, dos animais, do planeta, porque foi feita para nos salvar a vida. A gente faz a barba forma um trombo, a gente se corta com a faca na cozinha, forma um trombo. Isso é salutar, saudável”. A explicação é do angiologista e cirurgião vascular doutor Antonio Gabriel Mendes, que nesta matéria fala sobre a trombose como patologia. O problema da trombose, que vem a ser patológico, segundo o médico, é quando esse trombo se forma num vaso que não tem finalidade.
“Então, por exemplo, o paciente vai fazer uma cirurgia de catarata e tem uma trombose na panturrilha. Esta pode soltar, ir para o coração, dali para o pulmão, provoca embolia pulmonar e acaba, muitas vezes, sendo fatal. Logo, resumidamente, trombose é a formação de um coágulo dentro de um vaso. Isso é trombose venosa”, detalha.
E por que isso acontece? Qual a relação entre a cirurgia oftalmológica e a panturrilha? Gabriel Mendes explica que, quando uma pessoa se submete a uma cirurgia, o organismo libera várias substâncias para que ocorra a coagulação, e essas substâncias são tantas que outros vasos podem entupir.
Existem, segundo o médico, vários sintomas: “O paciente pode ser assintomático, ter uma trombose e rapidamente evoluir, sem muita queixa, e até para óbito. Por exemplo, numa viagem, a pessoa tem uma trombose durante o voo. Na hora em que chega ao aeroporto pega a mala e, quando começa a caminhar, aquele trombo pode se soltar e ser uma embolia fatal”.
Geralmente, explica o doutor Gabriel, a trombose cursa com o edema de um membro, aumento de temperatura e dor, porque existe um processo inflamatório dentro da veia: “Então, geralmente é isso: dor, cansaço, um ligeiro aumento de temperatura, um desconforto e, se evoluir para alguma complicação, a pessoa pode ter falta de ar, dispneia e dor torácica. Esses são os sintomas de uma trombose e de uma complicação dela”.
Conheça o tripé que forma uma trombose
Para se ter trombose, explica o médico, tem de haver um tripé, que na medicina é chamado de Tríade de Virchow: o primeiro componente dessa tríade a estase sanguínea, que se dá quando o paciente fica muito tempo parado, seja num pós-operatório, seja por um gesso em um membro, um músculo que não mexe, seja por uma viagem longa, seja por que deu um derrame. Então, naquele lado que tem uma lentidão na circulação, as células, a parte sólida do sangue, podem formar um coágulo.
O segundo elemento da tríade é uma lesão vascular. “Por exemplo, quando uma pessoa se submete a uma cirurgia, o organismo libera várias substâncias para que ocorra a coagulação, mas são tantas essas substâncias, que outros locais podem entupir. Principalmente as cirurgias pélvicas, as cirurgias ortopédicas, são cirurgias com mais predisposição a ter uma trombose. Então, diante de qualquer lesão vascular, o organismo pode reagir formando um coágulo. Qualquer cirurgia pode ter uma trombose”.
O terceiro elemento é a hipercoagulabilidade, uma predisposição para ter uma trombose, facilidade de coagular o sangue, que pode ser genética: “Isso se dá pela falta alguns componentes no sangue que inibam a formação do trombo e, com isso, favorecem a trombofilia, é uma predisposição”.
“A pessoa também pode ser um fumante, um tabagista de longa data, que tem poucos alvéolos funcionando, então o organismo libera muitas células e o sangue mais grosso favorece essa trombose”, explica o doutor Gabriel.
O tratamento da trombose atualmente é mais moderno, já é possível tratar o paciente até em casa, com acompanhamento, evidentemente. “Antigamente, precisava ficar hospitalizado. Lógico que alguns pacientes ainda necessitam, principalmente os que evoluem para alguma complicação que precisem colocar filtro de veia cava ou alguma coisa parecida. Mas, o tratamento normal, básico da trombose, é com anticoagulante”.
É a medicação para que o sangue dissolva o coágulo mais rapidamente, evitando que ele possa se desprender e ir para o coração e, dali para o pulmão, e se tornar uma embolia pulmonar que pode ser grave.
“Qualquer um de nós está sujeito a uma trombose, idosos, acamados, obesos, desidratados, quem têm varizes, o que por si só, já é um fator, porque tem uma estase venosa, pessoas com septicemia, com infecção generalizada, que estejam gestantes, existem vários fatores que podem facilitar a formação de um trombo”, alerta o médico. (Reportagem: Cláudio Reis)
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