Menopausa: Saiba o que é e como tratar com a médica Regiane Helena

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Menopausa. O que é isso? Por que incomoda tanto as mulheres? E que consequências pode ter, caso não seja tratada? E como é esse tratamento? Quem responde a essas e outras indagações é a médica Regiane Helena, especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Menopausa, em entrevista exclusiva ao Jornal A Saúde. Leia a seguir:

Jornal A Saúde – O que é a menopausa?

Drª. Regiane Helena – É a parada da menstruação. É a última menstruação, contada um ano após essa data. Quando a pessoa parou de menstruar e não vem há mais de um ano, a gente diz que aquela data foi a da menopausa.

A Saúde – Quais os sintomas da menopausa?

Drª. Regiane – São os sintomas ligados à baixa do estrogênio, o hormônio responsável por essa sintomatologia. Ondas de calor, do tórax para a cabeça, em que a mulher pinga de suor, suores noturnos, depressão, labilidade emocional [mudança repentina de humor], choro fácil, irritabilidade e ansiedade. Além de sintomas urogenitais, que são dor na relação sexual, secura vaginal, infecção do trato urinário de repetição, candidíase e vulvovaginite de repetição, tudo ligado a essa baixa do estrogênio, além da osteoporose, que é comum nessa fase.

A Saúde – Quais os principais tratamentos?

Drª. Regiane – Os principais tratamentos são à base de hormônios, quando a pessoa pode usar hormônio, quando ela não tem nenhuma contraindicação, nenhuma história pessoal de câncer – câncer de mama, câncer de endométrio – ou trombose. Aí ela pode ter uma boa oportunidade de usar hormônios. Na verdade, a gente repõe os hormônios que estão faltando. Somente o estrogênio caso a mulher tenha útero. Já, se ela não tiver útero, nós temos de proteger com outro hormônio, que é a progesterona. Então, o médico sempre tem de estar ciente, para não usar só um hormônio, erradamente, desassistidamente. E saber qual a dosagem para essa mulher, porque varia muito de mulher para mulher. Umas precisam de pequenas dosagens e já está tudo bem. Outras precisam um pouco mais. Umas precisam só do estrogênio. Outras precisam do estrogênio e da progesterona juntos. Então, existem vários esquemas terapêuticos.

A Saúde – Esses tratamentos requerem acompanhamento?

Drª. Regiane – Sim, requerem acompanhamento. Primeiramente, para descartar os fatores de risco. Porque em algumas pessoas o médico não vai poder usar o hormônio. Então, tem de descartar algum tumor na mama, tem de ver a parte laboratorial, tem de ver como estão funcionando o fígado e os rins, porque esses hormônios são metabolizados pelo fígado. Ou seja, é necessário sim o acompanhamento antes para descartar qualquer alteração e qualquer contraindicação ao uso dos hormônios. Descartando isso, aí sim, pode-se escolher os hormônios mais adequados para cada uma.

Ilustração entrevista menopausaA Saúde – Além dos hormônios, quais os medicamentos mais modernos para o tratamento da menopausa?

Drª. Regiane – Hoje o que se tem, além dos hormônios, são os hormônios bioidênticos, que têm uma composição molecular semelhante à do estrogênio natural, são considerados os top de linha. E aí tem várias vias de administração. As vias mais atuais, mais aceitas, com menos complicação são as vias transdérmicas, através da pele, sob a forma de cremes ou de adesivos. Existem também alguns médicos que optam pelos pequenos chips de hormônios. Mas esses chips ainda não estão tão difundidos, pelo preço e por dependeram apenas de laboratórios específicos, e ainda não são acessíveis para toda a população. Seria uma das opções, para a qual precisaria apenas individualizar cada caso porque ainda não está totalmente aceito nas sociedades médicas. Mas são as opções que vão surgindo daí para a frente.

Abaixo dos 40 anos  a chegada da menopausa é considerada precoce

A Saúde – Com que idade a mulher chega à menopausa?

Drª. Regiane – A idade da menopausa varia normalmente entre os 45 anos e os 55 anos. Dentro desse espaço é considerada normal a chegada da menopausa. Abaixo de 40 anos é considerada uma menopausa precoce e aí o médico tem de colar nessa mulher para evitar que ela tenha, muito cedo, todas as consequências de uma menopausa, que são: o desgaste ósseo, fratura, irritabilidade, todas aquelas questões. Então, quanto mais cedo, mais rápido tem de ser o tratamento também para evitar que ela tenha todas aquelas consequências da baixa muito precoce do hormônio.

A Saúde – Quais as consequências de uma menopausa não tratada?

Drª. Regiane – São várias as consequências, tanto no estilo de vida dessa mulher quanto na capacidade profissional dela, com um impacto muto negativo, porque ela não consegue se concentrar, uma vez que também existem sintomas cognitivos, que são baixa concentração, indisposição, etc. E também nos relacionamentos familiares, porque são muito comuns, com a queda da libido e todo aqueles processos, os divórcios. Então, ela tem de estar atenta para minimizar cedo essas consequências. E tudo isso é possível desde que seja criada cedo, traçada a melhor terapêutica para ela. Se é só a secura vaginal, vamos tratar logo; se são os ossos, vamos tratar; se é a irritabilidade, existe tratamento; se é insônia, tem tratamento; se é onda de calor, há tratamento. Só que esse tratamento é individualizado, não é igual para todo mundo. Não é uma receita de bolo. Cada uma vai se beneficiar com doses diferentes, com hormônios diferentes, com tipos diferentes e com outros medicamentos que não têm relação com hormônios, que são usados também nessa faixa etária. E aí evita esse impacto na família, brigas entre marido, entre mulher, entre os filhos, porque a pessoa fica irritada mesmo. Evita que a mulher tenha uma baixa no desempenho profissional dela, por conta disso, que é muito comum, e evita as consequências físicas para essa mulher, porque, nessa faixa é quando vai subir índice de pressão alta, índice de diabetes, e é quando o metabolismo dela também modifica. Então, a gente tem de estar atento para prevenir todas essas outras coisas, além da osteoporose e das infecções de repetição, que é comum ela ter nesse período.

A Saúde – Drª., que alerta a senhora pode fazer acerca da menopausa?

Drª. Regiane – A gente espera que haja uma atenção maior à saúde da mulher, na observação desses sintomas, porque, eles costumam acontecer a partir de 35 anos, em algumas mulheres, muitas vezes antes de findar a própria menstruação, antes de chegar à menopausa. É a fase de transição menopausal. E, às vezes, ela começa a sentir e acha que o sintoma vai passar e fica sofrendo com aquela onda de calor, com aqueles desgastes, acreditando que é normal. E não é bem assim, não vai passar. A tendência é degradar cada vez mais, tanto a parte física quanto a emocional, com depressão etc. Então, quanto mais cedo agir, menos doses de hormônio são necessárias, assim com menos remédios. E a gente consegue dar a essa mulher melhor qualidade de vida de uma maneira mais fácil. É essa a ideia para não deixar passar as coisas e se observar. Já percebeu a diminuição da lubrificação vaginal? “Opa, estranho. Ah não, vai passar”. Não, procura um profissional especializado, tenta ver se já não tem algo que possa fazer para estar freando aí todas essas consequências da diminuição do hormônio que vem da transição menopausal.  (Entrevista concedida ao repórter Cláudio Reis)

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