Ciúme: Entenda o sentimento que gera desconfiança, paranoias e delírios

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Um dos sentimentos comuns do ser humano pode estar ligado as mais preocupantes patologias. O ciúme costuma ser aceitável, quando moderado, no entanto, ao cruzar os limites do equilíbrio e passar a dominar os pensamentos ele pode se tornar uma ameaça para as relações, e isso não se limita a casais.

O sentimento está ligado a algumas características no individuo: paranoia, insegurança, baixa autoestima, autoimagem frágil, distorções da realidade, e delírios.

Segundo as psicólogas e docentes universitárias Samira Mahmud e Renilde Xavier, o ciúme possui várias facetas. Ele pode começar como o sentimento natural de pertencimento, que busca sempre por atenção. “A situação fica difícil quando o ciúme se torna algo patológico, ou seja, uma doença”, diz Samira.

O ciúme não se limita a casais, ele pode estar presentes nas relações de pais e filhos, irmãos e irmãs, amigos e amigas, e até no ambiente de trabalho. “O ciúme não é ruim, ele passa a ser ruim quando atrapalha a sua vida”, esclarece Renilde.

Psicólogas falam sobre o ciíume
As psicólogas Renilde, Samira e sua estagiária esclarecem a questão patológica do ciúme

Mas como assim? Bem, o ciúme gera desconfiança na mente das pessoas, podendo se tornar algo constante, conforme explicam as psicólogas. O sentimento molda na mente situações que possam gerar desconfiança.

Por exemplo, se o esposo avisa para a esposa que vai sair na rua para comprar algo e passa a demorar. A esposa pode estranhar, mas, entender que podem haver fatores ocasionando isso, como o trânsito, uma fila, etc. Se a esposa possuir o ciúme excessivo, ela moldará outras possibilidades na sua mente, como uma traição, por exemplo.

“O ciúme está muito ligado a paranoias. Quem é paranoico, tem mania de perseguição e o ciúme vem pra justificar esse comportamento. Quando alguém tem ciúmes excessivos, essa pessoa sufoca, ela prende”, explica Samira.

Uma característica notável na pessoa ciumenta, é que ela fala muito sobre si mesma. Neste caso, o indivíduo possui uma autoestima baixa e precisa se firmar em outra pessoa para encontrar sua felicidade.

“É preciso ficar em alerta quando uma pessoa passa a querer a atenção dos outros apenas para ela. Há mães que não gostam que outras pessoas deem carinho aos seus filhos, esse é um exemplo de ciúme excessivo”, aponta Renilde.

Quando fica grave?

O ciúme constante faz com que se perca a noção da vida, pois, tudo que acontece ao redor do indivíduo ciumento pode ser um gatilho para a criação de uma situação absurda em sua mente. Ele passa a pensar nisso o tempo todo, logo, as demais atividades de sua rotina perdem a prioridade.

“O ciúme está muito ligado a questões de baixa autoestima, porque se você está bem consigo mesmo, provavelmente você não terá ciúme excessivo do seu companheiro, amigo ou familiar. Agora, quando você não se gosta, provavelmente você terá dificuldades em acreditar quando alguém demonstrar um sentimento genuíno por você”, explica Samira.

Renilde fala sobre o ciúme
Renilde explica que a pessoa ciumenta tende a não admitir a culpa do fracasso nas relações

Por que a pessoa se tornou assim?

Na maioria dos casos, a pessoa ciumenta viveu uma infância marcada por relações distorcidas com os pais, sendo eles extremamente controladores ou abusivos. Isso leva a pessoa a buscar uma compensação do que perdeu dos pais em outras pessoas.

“Tendemos a jogar a culpa do fracasso nas relações sempre no outro, quando não é bem assim. É preciso trabalhar dentro de nós essa questão de autoestima, para que nos próximos relacionamentos isso não se repita”, diz Renilde.

Redes sociais são potencializadoras do ciúme

As psicólogas observam que o advento da internet e a chegada das redes sociais potencializaram as paranoias. Agora, a pessoa ciumenta tende a vigiar as redes sociais da pessoa amada para verificar com quem ela está postando fotos, com quem está conversando. Isso são coisas ligadas a falta de confiança, pois, o ciúme excessivo gera isso.

Uma situação como exemplo casual seria dos casais. Quando o companheiro ou companheira pensa em pegar o celular do outro para ver mensagens particulares. “É normal você sentir ciúmes de ver a pessoa amada conversando com alguém. Isso deixa de ser normal quando se torna constante e você vê isso uma ameaça extrema”, explica Samira.

O inverso seria como Renilde ilustra: “Você vê uma notificação de mensagem, não pega o celular para olhar, mas, depois chama o companheiro ou companheira para conversar sobre isso, esclarecendo que ficou curioso, não gostou, etc. Agora, se isso te desequilibrar, levar você a gritar, por exemplo, aí já se torna preocupante”.

Samira fala em ciúme em baixa estima

Samira aponta que o ciúme pode ser derivado de baixa autoestima

Como tratar o ciúme?

Samira e Renilde indicam o tratamento terapêutico com psicólogo para identificar a raiz do ciúme e então adotar medidas para combate-lo. “Provavelmente essa pessoa tem um histórico de vida que levou até isso”, diz Samira.

As docentes também reforçam que a terapia é indicada para todos. “Cuidar da nossa saúde mental é essencial para nos tornarmos seres humanos evoluídos, de bem conosco, e saudáveis. Não espere, comece agora”, finaliza Renilde. (Reportagem e Fotos: Zeus Bandeira. Foto principal: Reprodução Internet)

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