Lactose: Teste respiratório detecta intolerância a esse carboidrato

348 0

A tecnologia agora permite, através de apenas um sopro, detectar a temível intolerância à lactose. Marabá já conta com exame padrão ouro para diagnóstico da doença. Após a ingestão da lactose, o paciente expira hidrogênio e de acordo com quantidade do gás é analisado se o indivíduo apresenta ou não intolerância à lactose. Além desse método, a intolerância é diagnosticada por exame de sangue de laboratório e testes genéticos.

O médico endocrinologista Wild Cavalcante lembra que a lactose é um carboidrato presente no leite e constituído de dois açúcares: dissacarídeo, que contém dois monossacarídeos: glicose e galactose.

Para que o leite seja absorvido, o intestino tem de quebrar a lactose, a fim de que os monossacarídeos sejam absorvidos como nutrientes. “Toda vez que a lactose chega ao intestino, que funciona como um filtro, necessita acontecer uma reação enzimática para que quebre a lactose e seja transformada em glicose e galactose, para serem absorvidas e irem para corrente sanguínea”, explica o médico especialista.

O profissional lembra que o ser humano é um mamífero e que raramente observa-se um animal dessa espécie na fase adulta mamando, uma vez que o filhote tem mais capacidade de fazer a quebra da lactose, através da enzima da lactase, do que um indivíduo adulto.

“Com o passar do tempo, o indivíduo vai perdendo essa capacidade, não todos, mas alguns, um percentual bem alto da população perde a capacidade. Japoneses, por exemplo, não possuem a cultura de tomar leite, eles usam tofu, e já no Brasil 40% a 60% da população brasileira tem uma certa intolerância, pela cultura de beber leite. Isso varia muito de população para população”, detalha o endocrinologista.

Na medida que crescemos nos tornamos adultos, idosos, perdemos a capacidade de converter essa lactose, ficando intolerantes. O indivíduo com sintomas da doença geralmente apresenta diarreia, distensão abdominal e cólicas, ao entrar em contato com a substância, alguns podem ter ainda refluxos e mais sintomas gastrointestinais.

O médico Wild Cavalcante detalha a lactose
Wild Cavalcante, endocrinologista: “O consumo de leite na fase adulta tem de ser feito com moderação e, para os intolerantes, que evitem

O médico Wild Cavalcante ressalta que o diagnóstico é feito em pessoas que começam a apresentar os sintomas. O médico ou o nutricionista avalia o paciente se houver essa queixa. O diagnóstico é feito por várias metodologias, entre elas, o teste de tolerância à lactose, este realizado em laboratório, onde o indivíduo toma a lactose e no tempo de duas a três horas ele é observado se tem a capacidade de quebrar a lactose.

“Se há uma subida de glicose no sangue, significa que ele quebra a lactose, se a glicose não sobe tanto o indivíduo perdeu a capacidade de quebrar a lactose, a glicemia não se eleva, porque ele não tem a lactase suficiente. Mas há outros exames como testes genéticos para intolerância à lactose, há intolerâncias à lactose que ocorrem de doenças genéticas, testes genéticos são para casos que envolvam intolerâncias à lactose genéticas”, explana o profissional da saúde.

Algumas causas podem levar à intolerância, como doenças intestinais, perda da capacidade de produzir lactase com o passar do tempo, disbiose intestinal, ou ainda uso crônico de antibiótico, o qual agride a camada do intestino e impede à absorção, além do fator genético. Ou seja, há também fatores ambientais e alimentares que podem levar à intolerância.

Atualmente, o exame que é considerado padrão ouro é o teste do hidrogênio expirado, similar ao exame de sangue, onde é dada a lactose ao indivíduo, mas neste caso é monitorado o sopro do paciente, medindo a quantidade de hidrogênio. Se ele produzir muito gás, libera muito hidrogênio, significa que ele está fermentando muito no intestino, não está tendo a capacidade de quebrar a lactose, logo é intolerante. Se a quantidade de hidrogênio vem normal, significa que ele quebra a lactose com eficiência. Esse exame é considerado o melhor do mercado.

Caso o paciente não se adeque ao tratamento a qualidade de vida dele cairá sobremaneira, pelas cólicas, diarreias entre outros sintomas, por isso o recomendável pelos profissionais de saúde é evitar a ingestão do leite. “Algumas pessoas que possuem intolerância preferem usar a enzima lactase, para que não tenha tantos sintomas ao entrar em contato com o leite”. Sobre esse assunto, Wild Cavalcante alerta que a indústria alimentícia ao oferecer produtos sem lactose não faz a extração da substância, e sim já usa a lactase dentro do produto. “O consumo de leite na fase adulta tem de ser feito com moderação e, para os intolerantes, que evitem”, aconselha ele.

Nutricionista orienta sobre a alimentação na intolerância à lactose

A nutricionista Joicy Martins, que trabalha atualmente na área da alimentação escolar, diferencia intolerância à lactose de alergia à proteína do leite. “Pois a intolerância é uma deficiência enzimática, da enzima lactase, e a alergia a proteína do leite é uma resposta imunológica às proteínas do leite, como a caseína e a beta-lactoglobulina (BLG). Ela destaca que para evitar os sintomas da intolerância à lactose, assim como evitar a ingestão de leite, também deve-se evitar os seus derivados, onde os sintomas dependem da carga que é ingerido de alimentos, sendo o tratamento individual.

“Algumas estratégias podem auxiliar no tratamento, como alimentos com baixa quantidade de lactose, queijos por exemplos, produtos com zero lactose, uso da enzima lactase, que já tem disponível no mercado, em comprimidos ou tabletes mastigáveis, ingestão de fontes de alimentos em cálcio como as folhas verdes ou abobrinha, brócolis, feijão, ervilha, amêndoas e cereais enriquecidos com cálcio para evitar deficiência desse nutriente que é o cálcio”, indica a nutricionista, recomendando o uso de produtos vegetais, como leite de soja, amêndoas, aveia, castanha e outros.

A nutricionista Joyce Martins aconselha sobre a lactose
Joicy Martins, nutricionista: “É de suma importância a procura de auxílio de profissionais para um tratamento mais adequado” (Foto: Secom PMM)

“É de suma importância a procura de auxílio de profissionais para um tratamento mais adequado, para conhecer o nível de intolerância, como também cuidar da saúde intestinal, fazer alimentação com alimentos mais naturais, frutas, verduras, alimentos ricos em fibra, além disso a necessidade de conhecer os alimentos que contenham lactose, pois muitos nem imaginamos que contém, como molho pronto para salada, linguiça. Então quando formos às compras, devemos fazer a leitura dos alimentos industrializados”, finaliza a nutricionista Joicy Martins.

SERVIÇO

O teste respiratório para detectar intolerância à lactose pode ser encontrado em Marabá no Centro de Diabetes e Endocrinologia. (94) 99290-9513. (Emilly Coelho)

LEIA TAMBÉM:

Infecção urinária pode ser sinal de doença nos rins ou na bexiga

Esquizofrenia: O que se sabe sobre esse distúrbio psiquiátrico?

Deixe seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *