“Pneumonia não é gripe mal curada”, esclarece pediatra

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Um mito passado entre gerações, de que a pneumonia é resultado de uma gripe mal curada, ou de pais que não realizaram o tratamento adequado no filho, foi derrubado pela médica pediatra Roberta Naves, em entrevista para o Portal “A Saúde”. Diante do aumento significativo de procura aos hospitais e consultórios, de pessoas com resfriados comuns, influenzas e covid-19, que acomete além de adultos, jovens, bebês e crianças, a especialista dá dicas e desmitifica várias máximas sobre as síndromes gripais.

A pediatra lembra que as festas de final de ano influenciaram muito no aumento nos casos dos resfriados comuns, influenzas e covid-19, que, infelizmente, ainda são muito subdiagnosticados (diagnóstico insuficiente ou incompleto), pela dificuldade de realização de testes (as janelas para fazer testes são de 4 e 5 dias) e isso prejudica a identificação. “Com início das aulas, a procura tende a aumentar ainda mais, esse boom ainda não acabou”, conta a médica.

Em relação aos sintomas, a especialista esclarece que a covid-19 e a influenza, em específico, causam uma febre mais prolongada, que costuma durar mais de cinco dias, o que não é comum em resfriados.

“Entre 3 e 5 é a média de dias com febre em bebês e crianças que estão com resfriados. Na covid, esse período costuma durar mais do que isso, de 5 a 8 dias de febre alta (acima de 39 graus). Os principais sintomas do vírus Sars-Cov, nas crianças são: dor de garganta, congestão nasal, diarreia, vômito e a tosse que vem posteriormente. O ciclo todo costuma durar entre 10 e 14 dias, as crianças geralmente se recuperam bem”, pontua a médica pediatra, acrescentando que todas as faixas etárias estão sendo acometidas das síndromes gripais e Covid-19, não tendo uma especificidade para determinada faixa etária.

Alerta

Roberta Naves recomenda que os pais devem ficar alertas para os sinais nas crianças e bebês: febre alta (acima de 39 graus) que ultrapasse três dias, dificuldade respiratória, cansaço, criança prostrada mesmo sem febre, sinais de desidratação, como não urinar, não ter lágrimas são sinais de alerta. Nesse caso, deve-se procurar a emergência ou o pediatra de confiança, para que sejam tomadas as medidas cabíveis.

“Cuidado com o contato. Não podemos esquecer que essas crianças são os principais transmissores para os idosos. Manter o distanciamento é importante e, com retorno às aulas, ficar sempre alerta para os sinais que pode apresentar em caso de doença, para que não mande para a escola com os sintomas gripais e respiratórios”, aconselha a profissional de saúde.

A pediatra complementa ainda que se a criança já estiver na idade de usar máscara (a recomendação da OMS – Organização Mundial de Saúde- é a partir de 5 anos de idade), se houver entendimento por parte da criança, o ideal é mandá-la com máscara. Ou, caso não tenha o entendimento da proteção, a criança deve ser orientada a utilizar a máscara. “Se não tiver e for pior, ficar tirando e trocando a máscara, passando a máscara em outros lugares, é melhor que não a utilize, aumentando o risco de contaminação”, sublinha Roberta Naves.

Dra. Roberta Naves esclarece sobre pneumonia
Pediatra Roberta Naves: “Só tem uma maneira de prevenir pneumonia, que é vacinando”

Automedicação

Perguntada acerca da automedicação que os pais costumam realizar, quando os primeiros sintomas gripais aparecem, a médica respondeu que a Sociedade Brasileira de Pediatria permite a automedicação até três dias de febre nas crianças, sem sinais de alerta, não com antibiótico ou remédio de tratamento, mas administrando antitérmico infantil e hidratar muito a criança. “Os antibióticos devem ser utilizados somente por recomendação médica prescrita”, alerta.

Qualquer doença respiratória pode evoluir para uma pneumonia”

Ela esclarece ainda que ao contrário das máximas que são perpetuadas de geração para geração, pneumonia não é uma gripe mal curada. “Qualquer doença respiratória pode evoluir para uma pneumonia, tudo vai depender do sistema imunológico dessa criança, como estão as vitaminas, a baixa imunidade. É isso que vai fazer evoluir ou não. Não é a medicação utilizada, o xarope que vai ser tomado que vai fazer com que essa doença não evolua para pneumonia, e sim quadro imunológico daquela criança, e não existe antibiótico para prevenir pneumonia e sim para tratar pneumonia, quando já existe um quadro. Temos de ter cuidado com a história, evoluiu para pneumonia é culpa da mãe que não tratou. Só tem uma maneira de prevenir pneumonia, que é vacinando”, destaca a médica.

Recomendações

Para manter a criança com a imunidade mais alta, a recomendação é que os pais devem mantê-la hidratada, bem alimentada, oferecer bastante fruta, vacinação completa, exame laboratoriais de rotina em dia e consulta com pediatra também em dia.

“Somente dessa forma a gente pode ajudar uma criança a não ficar doente. Saúde bucal também é muito importante, a visita ao dentista é recomendada a partir do nascimento do primeiro dente”, acentua ela.

A pediatra Roberta Naves dá dicas diárias de maternidade sobre diversos temas no Instagram @drarobertanaves. (Reportagem e Texto Emilly Coelho)

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