ISTs mais contagiosas podem ser contraídas após uma única relação desprotegida

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Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) não são novidade para ninguém. Porém, especialistas alertam que existe uma categoria de infecções altamente contagiosas e que podem ser transmitidas em uma única relação sexual desprotegida. Por incrível que pareça, o HIV não faz parte dessa categoria.

Joice Lima, sexóloga, ginecologista e diretora de Comunicação e Informática da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia, explica que as infecções mais contagiosas são as hepatites B, C, gonorreia, clamídia e HPV. “Basta uma única exposição para ser contaminado”, ressalta a médica.

“O HIV é muito conhecido e temido pelas pessoas, mas existem outras infecções que também causam grandes prejuízos à saúde, caso não sejam tratadas corretamente, como a clamídia e o HPV”, alerta.

Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que, em 2020, mais de 1 milhão de pessoas foram contaminadas com clamídia. A ginecologista relata que essa infecção é silenciosa e pode provocar infertilidade em mulheres.

“Geralmente o primeiro sintoma da clamídia é um corrimento que pode ser facilmente confundido com uma secreção vaginal normal. Quando a doença avança, a mulher pode desenvolver dor pélvica crônica, porque ela causa aderências e abscessos na pelve”, afirma a sexóloga.

Joice Martins fala sobre as ISTs
Joice Lima: sexóloga, ginecologista e diretora de Comunicação e Informática da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia

Além dos riscos da clamídia, Joice Lima ressalta que o HPV é o responsável por 95% dos casos de câncer no colo do útero no Brasil. “Esse vírus está presente em grande parte da população e, na maioria dos casos, as pessoas não desenvolvem sintomas logo após a contaminação”, explica a ginecologista.

Segundo a médica, os sintomas do HPV só aparecem quando há uma queda no sistema imunológico. Porém, a pessoa infectada continua transmitindo o vírus em relações sexuais desprotegidas.

Rodrigo Trivilato, urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, ressalta que, devido ao aumento de casos de HPV, a doença pode ser considerada um problema de saúde pública. “Quando um paciente chega ao consultório com uma IST, começamos o tratamento imediatamente, para não correr o risco de infectar outras pessoas”, explica.

Para a ginecologista Joice Lima, a vacinação é o único caminho para a erradicação do HPV no país. “A vacina contra o vírus é oferecida gratuitamente nos postos de saúde, para adolescentes e pessoas imunossuprimidas. Além de infectar as mulheres, esse vírus também causa 90% dos casos de câncer de pênis”.

Rodrigo Trivilato explica acerca das ISTs
Rodrigo Trivilato: urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia

 

Rodrigo Trivilato relata que os homens têm mais dificuldade em procurar atendimento médico, principalmente quando se trata de ISTs. “Alguns sintomas dessas infecções acabam sumindo com o tempo, mas a pessoa continua infectada. Por isso, é tão importante procurar o médico e começar o tratamento o mais rápido possível”, aconselha.

Comportamentos de risco para ISTs

A ginecologista explica que os comportamentos de risco são atitudes que deixam as pessoas vulneráveis à contaminação de alguma IST. “Antigamente, era muito usado o termo ‘grupo de risco’, mas agora entendemos que qualquer pessoa pode ter atitudes de risco, independentemente de qualquer grupo social ou gênero”, explica.

Já o urologista conta que em seu consultório o número de pacientes infectados com alguma infecção sexualmente transmissível aumenta quase 30% após o carnaval. “A maioria são jovens de 15 a 25 anos de idade. Antigamente quase 75% dos adolescentes usavam preservativos e hoje tem estudo que mostra que apenas 54% se protegem durante as relações sexuais”, explica Trivilato.

Questionada sobre a importância do preservativo em qualquer relação sexual, a ginecologista relata que, mesmo nos relacionamentos estáveis, seria importante usar o preservativo, já que não é raro encontrar pessoas vivendo relacionamentos extraconjugais sem proteção contra ISTs.

“O ideal é usar preservativo em todas as relações sexuais, independentemente de a pessoa manter relações com apenas um companheiro ou com vários, além de ter um acompanhamento médico de seis em seis meses”, orienta.

Automedicação não cura ISTs

A automedicação pode tratar um sintoma específico, mas não trata a infecção por completo

Automedicação

Os médicos também alertam sobre o risco da automedicação e como isso interfere no tratamento das ISTs. Segundo os profissionais, os casos de ‘supergonorreia’ têm aumentado devido ao uso indiscriminado de antibióticos, sem acompanhamento médico.

“A supergonorreia é um tipo raro e grave da doença. Ela é muito resistente aos medicamentos e não é simples de tratar como o tipo comum da bactéria. Porém, quanto mais rápido o paciente procurar um profissional mais chances tem de não desenvolver complicações”, destaca o urologista.

A ginecologista explica também que a automedicação pode tratar um sintoma específico, mas não trata a infecção por completo. “Existem vários fatores negativos no uso indiscriminado de medicamentos. O pior de todos é a falsa ilusão de cura. A pessoa toma ou usa um remédio para algum sintoma de IST e pensa que está curada, mas a doença continua ali, escondida no organismo do indivíduo e sendo transmitida para outras pessoas”, afirma Joice.

Os médicos orientam que o uso de preservativos em todas as relações sexuais é a única forma de evitar a transmissão das ISTs. Ressaltam também que, em caso de qualquer sintoma ou anomalia na região genital, é extremamente importante procurar atendimento médico o mais rapidamente possível. (Texto: Marinalva Sampaio)

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