Automedicação: Quem nunca tomou remédio sem receita?

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Legenda da foto: O farmacêutico Jotiely Pacheco Pachelli desaconselha a automedicação

Atire a primeira pílula quem nunca tomou remédio sem receita

 

Quem nunca tomou um remédio sem prescrição médica quando acometido de dor de cabeça ou febre? Ou pediu a opinião de um amigo sobre qual medicamento ingerir em determinadas ocasiões? A automedicação, muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas, pode trazer consequências mais graves do que se imagina.

A medicação por conta própria é um dos exemplos de uso indevido de remédios, considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sintox), em 2016, os medicamentos foram responsáveis por 30% de todas as notificações de intoxicação.

Em forma de enquete, a Reportagem de “A Saúde” fez plantão na sede da rede de farmácias Cristo Rei Drogarias, na Folha 28, Nova Marabá, acompanhada do farmacêutico responsável Jotiely Pacheco Pachelli. Ele lembra que é muito difícil o controle, porque existem medicações que podem ser vendidas sem a prescrição médica.

“Lembramos que a presença de um farmacêutico responsável dentro de uma drogaria tem a importância de acompanhar a saída de medicamentos dentro do que manda a legislação”, disse o profissional, lembrando a Lei nº 13.021/14, publicada no dia 11 de agosto de 2014, pela qual apenas o farmacêutico poderá exercer, nesses estabelecimentos, a responsabilidade técnica.

Vale dizer que, além da responsabilidade de acompanhar a venda de medicamentos, para intervir em caso de tentativa de compra de medicamentos sem a devida receita, o farmacêutico também pode auxiliar o próprio médico que, por ventura, venha a errar em uma prescrição. “Por engano, um médico pode errar em uma prescrição e nós estamos aqui para corrigir”.

Segundo Antônio José Santos, 68 anos, vendedor autônomo, a automedicação só acontece porque pagamos impostos por uma saúde que não existe. “Se eu for a um hospital público vou levar um dia para ser atendido e isso quando tem médico. Para piorar, às vezes não tem nem remédio”.

Já Iolanda Pereira, 52 anos, que sofre de pressão alta, utiliza a mesma prescrição porque a receita não fica retida na farmácia, mas, sempre que pode, vai ao médico ver como está a saúde.

Deusdeth Rodrigues, 42 anos, portador de diabetes, lembra que o maior problema é ter de enfrentar filas para consultar em hospitais públicos, porque os medicamentos do tipo que ele usa podem ser adquiridos gratuitamente nas farmácias populares e nas credenciadas pelo governo: “As receitas com as prescrições valem por 120 dias, mas o mais complicado é conseguir uma consulta em um hospital público em Marabá”, disse.

Dagmar Silva, 37 anos, disse que não tem paciência para ir ao médico e só vai à farmácia para adquirir anticoncepcional. Quando não tem dinheiro vai às farmácias populares. “As receitas para anticoncepcional valem por um ano”, lembra ela, que é vendedora ambulante. Para o farmacêutico Jotiely Pachelli, a prática da compra de medicação sem prescrição médica já o fez ver um caso em que a pessoa quase morre.

É o caso de um paciente que estava com dengue e ingeriu comprido que tem em sua fórmula ativa o ácido acetilsalicílico (aspirina), também conhecido pela sigla AAS, considerado um veneno para a doença transmitida pelo Aedes aegypti.

“O AAS bloqueia o trabalho de coagulação das plaquetas por até oito dias após a ingestão”, disse o farmacêutico, lembrando ainda que, no caso da dengue, há a possibilidade do número de plaquetas baixar muito. “A chance de uma complicação hemorrágica aumenta muito e isso pode ser grave”, conclui.

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