Câncer da Próstata: Falta de informação dificulta a prevenção

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A falta de informação é a principal responsável pela baixa procura por exames preventivos de câncer de próstata. A afirmação é da A psicopedagoga clínica e especialista em psicopatologia, Ana Greice Teixeira Nogueira.

Em comparação ao público feminino, os homens procuram menos por atendimentos médicos, especialmente preventivos, no país. Segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com os dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde, cerca de 370 milhões de consultas de mulheres já foram feitas neste ano pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto o público masculino teve uma redução de quase 17%.

Ela explica que os homens cuidam menos da saúde, devido a uma cultura patriarcal estabelecida na sociedade. “A maioria dos homens se sentem como o detentor da força no ambiente familiar e, por isso, acreditam que não podem adoecer ou demonstrar medo”, explica.

Outro fator apontado pela profissional é a falta de informações sobre os exames preventivos e o tabu do toque retal. “A ausência de conhecimento sobre os procedimentos é um dos grandes empecilhos, pois muitos homens vinculam o exame clínico com questões eróticas”, afirma Ana  Greice Nogueira.

O câncer de próstata

A próstata é uma glândula que só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. É um órgão pequeno que fica abaixo da bexiga e à frente do reto. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Brasil esse tipo de câncer é o mais comum entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele.

Esse câncer é considerado da terceira idade, pois segundo o Ministério da Saúde (MS), 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos. Caso não seja tratado inicialmente, o câncer pode se espalhar por outros órgãos, porém geralmente, quando os sintomas aparecem, o tumor já está em estado avançado.

O MS afirma que muitos pacientes não apresentam sintomas, e quando apresentam, são dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite, dor óssea e infecção. É recomendado que o homem realize os exames preventivos a partir dos 50 anos, exame de sangue para avaliar a dosagem do PSA e o toque retal”.

Ana Greice fala sobre o câncer da próstata
Psicopedagoga Ana Greice Nogueira: “A maioria dos homens se sentem como o detentor da força no ambiente familiar e, por isso, acreditam que não podem adoecer ou demonstrar medo”

Paciente com diagnóstico de câncer de próstata

Questionada sobre como é realizado o acompanhamento terapêutico de um paciente que recebeu o diagnóstico de câncer, Greice explica que a terapia é realizada junto com o tratamento do oncologista e depois é trabalhada a recuperação da identidade do paciente.

“Primeiro precisamos saber qual é o tratamento medicamentoso que o paciente já está recebendo e depois começamos a resgatar a identidade daquele homem, porque em muitos casos a pessoa é associada ao câncer. Ela perde o ‘eu’ como um indivíduo e é reduzida a uma pessoa doente”, explicou a psicóloga.

Segundo Greice, a terapia é essencial, pois só o fato de saber que tem câncer já deixa o paciente fragilizado emocionalmente. “O acompanhamento psicológico é fundamental em todas as fases da vida, mas se torna indispensável nesses casos de diagnóstico de câncer, pois algumas pesquisas já revelaram que o emocional afeta o tratamento medicinal”.

“A terapia ajuda o paciente a aceitar o tratamento médico e a ressignificar de forma mais rápida a situação vivida”, afirma Greice sobre a necessidade do indivíduo de relembrar que ele é mais do que uma pessoa com câncer.

Ilustração câncer da próstata

Pessoas com familiares diagnosticados com câncer

Mas como agir quando temos algum familiar que recebeu um resultado de câncer de próstata? A psicóloga explica que o primeiro passo é respeitar o momento da pessoa, pois geralmente, no início, os pacientes têm dificuldades de falarem sobre a situação.

“Não podemos generalizar, mas a maioria dos homens tem dificuldade de expressar sentimentos. Normalmente, no início, eles ficam mais acuados e a família precisa respeitar”, conta Greice.

Quando o paciente estiver pronto para falar sobre o assunto, a família deve ouvir e acolher, orienta Greice. “Não adianta você querer sair fazendo de tudo pela pessoa, você precisa ouvir o que ela precisa e depois agir”.

Outro ponto abordado pela psicóloga é a estrutura emocional necessária para lidar com uma pessoa diagnosticada com câncer. “Nem todo mundo consegue lidar com essa situação, principalmente se for algum familiar mais próximo e que precise de ajuda. São nesses casos também que a terapia é fundamental, pois vai desenvolver nessa pessoa o suporte necessário para apoiar esse familiar com câncer”, conclui Ana Greice Gateno. (Texto: Marinalva Sampaio)

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