TDA: O que é? E por que o diagnóstico precoce é importante?

O assunto é TDA – Falta de atenção em atividades rotineiras, falta de foco, incapacidade de terminar tarefas e concluir projetos, sensação de vazio, perda de objetos, como chaves, óculos, celular, carteira, lápis etc. Se você se identificou com alguns desses sintomas acenda o sinal de alerta. Podemos estar diante de um diagnóstico de transtorno de déficit de atenção (TDA). Nesse caso, quanto mais cedo identificar os sintomas melhor para a criança. Sobre o assunto, a Reportagem do Portal A Saúde entrevistou a psicopedagoga Rosângela de Sá, que esclareceu as principais dúvidas sobre o transtorno. Acompanhe a matéria completa:

A Saúde- O que é o transtorno de déficit de atenção?

Rosângela de Sá- Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento que acomete tanto crianças quanto adultos, cuja principal característica é a desatenção.

A Saúde- Quais os sintomas?

Rosângela – O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5) prevê alguns critérios para o diagnóstico que devemos considerar, como um padrão persistente de desatenção por, pelo menos, seis meses. Esses sintomas acarretam prejuízo, tanto nas atividades sociais quanto acadêmicas e profissionais. Entre os sintomas estão: não se prender tanto aos detalhes, cometer erros por descuido nas tarefas escolares, dificuldade para manter a atenção nas atividades lúdicas durante as aulas, dificuldade para participar de uma conversa ou uma leitura prolongada. Outro sintoma também é quando parece que a pessoa não escuta quando alguém está falando diretamente com ela. Essa pessoa com déficit de atenção parece que sempre está no mundo da lua, mesmo quando o ambiente está tranquilo, mas ela sempre está dispersa, alheia ao ambiente. Outro sintoma é dificuldade para seguir instruções até o fim, ela perde o foco facilmente por qualquer detalhe, dificuldade para seguir rotina, mau gerenciamento do tempo, dificuldade para cumprir prazo, perde as coisas com frequência, como chave, óculos, material escolar, sempre esquece onde deixou os objetos.

A Saúde – O transtorno de déficit de atenção (TDA) tem ligação com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH)?

Rosângela- Sim, ambos fazem parte do transtorno do neurodesenvolvimento, porém cada um segue alguns critérios. Podemos dizer que o déficit de atenção que representa um sujeito apático sem iniciativa, sempre está na calmaria. Enquanto a turma está focada em uma determinada atividade, o sujeito com TDA está no mundo da lua. Já o TDAH é o oposto. Ou seja, nesse temos um sujeito totalmente ativo em constante movimento, podemos dizer que é um vulcão em erupção. Outro ponto que devemos considerar é que os dois antecedem o período da criança ingressar na escola.

A Saúde- como é realizado o diagnóstico de TDA?

Rosângela- Bem, sobre o diagnóstico, quero destacar que nem sempre as famílias conseguem identificar o transtorno no ambiente familiar. Há relatos de pais que só descobriram o diagnóstico depois que os filhos iniciaram a vida acadêmica. Quando surge a suspeita do transtorno é necessário que haja uma avaliação com a equipe multiprofissional, composta por: psicopedagogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo, neuropsicólogo e um neuropediatra. Cada profissional emite um parecer sobre o sujeito avaliado. O laudo fica sob a responsabilidade do neuropediatra, que irá considerar os relatórios dos profissionais da equipe multiprofissional junto com exames clínicos.

A Saúde – Esse transtorno, não cuidado na infância, pode atrapalhar na vida adulta?

Rosângela – Sim, quando o diagnóstico chega tardiamente, maiores serão os prejuízos. Vemos muitos adultos com dificuldade no trabalho, para se relacionar com o outro etc. Portanto, o ideal é que esse diagnostico seja feito o mais cedo possível, cada dia que passa o número de crianças com o transtorno do neurodesenvolvimento vem crescendo numa frequência cada vez maior devido o avanço dos estudos.

A Saúde – Qual o tratamento indicado para TDA?

Rosângela- É importante falar que não existe uma receita pronta que irá atender a todos. Cada sujeito é único. Ou seja, o que deu certo com A talvez não de adeque para B. Portanto, é necessário avaliar o sujeito como um todo, levando em consideração suas particularidades. O parecer dos profissionais que compõem a equipe multidisciplinar será de tamanha importância juntamente com o laudo do neuropediatra, pois eles irão orientar a família e a escola sobre como conduzir estratégias que proporcionem qualidade vida. É sempre bom ter uma rotina que envolva lazer e prática de esporte.

A Saúde – Que orientação a senhora deixa para os pais que têm filhos com transtorno de déficit de atenção (TDA)?

Rosângela – É necessário que escolas e profissionais estejam aptos para o acolhimento dos pais, isso é importante. Saber direcionar de como proceder diante do após o diagnóstico, pois muitos sofrem. O impacto é muito grande, apresentam dificuldade em lidar com uma situação, gera conflito. Os pais precisam ser acolhidos tanto pelos terapeutas, quanto pela escola. Criar rotinas para as famílias é um desafio que precisa ser superado aos poucos, com orientações de todos que estão envolvidos no processo. Sempre digo que a rotina não é para o filho; a rotina é da família, ter uma rotina em que os pais participem da vida dos filhos. Há situações que os pais nem sabem o nome dos professores. É importante participar da vida escolar, das reuniões e do processo de ensino-aprendizagem na vida dos filhos. É importante que os pais façam programas em família, que as crianças tenham oportunidade de ver um filme, brincar numa praça, andar de bicicleta, fazer um piquenique ou visitar algum espaço ao ar livre, sair da rotina de ficar só em casa, sair da zona de conforto.

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