Sexo: Vida sexual ativa na 3ª idade pode evitar transtornos emocionais

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Na maioria das vezes, o sexo é associado à pessoa jovem e cria-se o tabu de que, com o avançar da idade, a vida sexual é extinta. No entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sexualidade é um aspecto fundamental para a vida das pessoas e deve ser considerado um dos fatores para avaliar a qualidade de vida dos indivíduos

Joice Lima, sexóloga, ginecologista e diretora de Comunicação e Informática da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia, explica que o sexo está presente em todas as fases da existência. E se manter sexualmente ativo é um fator importante para melhorar a qualidade de vida.

“As disfunções sexuais e os transtornos mentais estão ligados, porque uma pode provocar a outra. Uma vida sexual satisfatória libera endorfinas e traz essa sensação de bem-estar”, conta Lima.

Como forma de ilustrar a ligação do sexo com a saúde mental, a sexóloga conta como o lançamento de um medicamento famoso para disfunção erétil revolucionou a vida sexual, principalmente dos homens.

Sexo é a assunto desta matéria com Joice Lima
Joice Lima, sexóloga e ginecologista: “O sexo está presente em todas as fases da existência. E se manter sexualmente ativo é um fator importante para melhorar a qualidade de vida”

“Um trabalho realizado na Suécia apontou que, após o medicamento se tornar acessível à população, reduziu o número de suicídios. A sexualidade está entrelaçada em tudo, porque, principalmente para os homens, uma falha na ereção tem um peso muito grande”, relata a médica.

A profissional conta também que o termo “impotência sexual” tem sido evitado, pois pode acarretar consequências emocionais para os homens. “Para eles, esse termo está ligado ao fato de serem mais ou menos homens e isso pode desenvolver os transtornos emocionais”.

O tabu do sexo com o avançar da idade

A sociedade sempre lidou com o sexo como um tabu, porém quando se trata de vida sexual ativa após a juventude, o pensamento é quase unanime: Idosos não fazem sexo.

“Já ouvi de várias pessoas e de várias classes sociais que, quando a mulher entra na menopausa, acaba a sua vida sexual. Na História da Humanidade, as mulheres eram vistas apenas como reprodutoras. Só a partir da Revolução Sexual que o sexo foi visto como uma fonte de prazer também para as mulheres”, explica a sexóloga.

Segundo a médica, a mídia também é uma das responsáveis por perpetuar esse tabu na sociedade. De acordo com ela, a protagonização das cenas de sexo apenas por pessoas jovens, passa a falsa ilusão de que o sexo não é praticado pelo público da terceira idade.

A OMS divulgou um relatório, em 2022, que mostrava que apenas 20% das mulheres protagonistas de filmes tinham entre 45 e 63 anos. São os homens que ocupam grande parte desses papéis, mas quando é uma mulher, normalmente é uma jovem”, relata Lima.

Além da sexualidade, Joice Lima conta que a pessoa idosa é vista pela sociedade como um ser inútil, incapaz de realizar suas atividades laborais. “Com o avançar da idade, a pessoa vai perdendo a sua identidade como indivíduo”.

 Com a chegada da menopausa, conta a médica, a maioria das mulheres se enxergam de forma diferente. Segundo ela, é comum as pacientes chegarem em seu consultório afirmando não terem mais libido.

“É normal o nosso corpo mudar, principalmente com a chegada da menopausa. Além das ondas de calor, também temos o ressecamento vaginal, diminuição de desejo, diminuição da sensibilidade nas áreas erógenas, dificuldade de perda de peso, cabelos e pelos brancos”, conta a sexóloga.

Porém a médica conta que já existem tratamentos para diminuírem os sintomas da menopausa e proporcionarem uma vida sexual satisfatória também às mulheres.

Medicações e as disfunções sexuais

Lima explica que os episódios de falha na ereção vão ficando frequentes com o avanço da idade, e usar medicamentos facilitadores de ereção sem uma orientação médica pode provocar doenças cardiovasculares.

“No primeiro momento, o homem tem o costume de procurar por remédios estimulantes, mas na maioria das causas, as falhas nas ereções podem estar associadas a fatores emocionais, como estresse, ansiedade, medo de falhar e várias outras coisas que afetam o desempenho sexual”, explica a sexóloga.

Além das questões emocionais, a médica também alerta sobre a interferência de doenças e o estilo de vida no desempenho sexual do indivíduo. “Pressão alta, colesterol alto, diabetes, tabagismo, obesidade e outras doenças metabólicas aumentam as chances de o paciente desenvolver disfunção erétil”, alerta Lima.

Quanto às mulheres, a principal queixa é a falta de libido. Porém, a médica explica que o desejo sexual da mulher é multifatorial. “Existem vários fatores que interferem nesse desejo, como problemas familiares, emprego, desavenças com o parceiro, histórico de abuso e outros problemas”, relata a médica.

Além das questões emocionais e do cotidiano, o uso frequente de remédios também afeta a diminuição de libido, como medicamentos para ansiedade, depressão, anticoncepcionais e remédios para problemas gástricos.

Uma forma de aumentar os estímulos sexuais na mulher é o uso dos facilitadores de ereção, porém a sexóloga alerta para o uso sob orientação médica. “Esses medicamentos são conhecidos por serem usados por homens, mas também podem ser usados pelas mulheres. Eles causam vasodilatação e aumentam a sensibilidade na região genital feminina”, explica Lima.

ISTs na terceira idade

 Como em qualquer relação sexual desprotegida, os idosos também estão propensos a contraírem infecções sexualmente transmissíveis. Segundo Lima, o número de pessoas com idades mais avançadas infectadas com alguma IST tem crescido no Brasil.

“A maioria das pessoas entre 60 e 70 anos não têm o costume de usar preservativos em todas as relações sexuais e acabam contraindo alguma doença. É necessário intensificar as campanhas de conscientização para esse público”, defende a sexóloga.

A médica explica que como a maioria dessas pessoas já estão no segundo ou terceiro relacionamento, é grande a chance de seus parceiros terem contraído alguma doença ao longo da vida.

“Hoje já existe vacina de prevenção contra o vírus do HPV para homens e mulheres a partir de 9 anos, podendo se estender além dos 45 anos de idade, que era a idade limite que vinha sendo colocada em bula. Segundo estudos, quanto mais velha uma mulher contrair o vírus, maior a chance de desenvolver um câncer no colo do útero e mais rápida a evolução da doença”, alerta Lima.

Outro fator muito importante, mas pouco divulgado à sociedade, é o crime de transmissão intencional de HIV. “Existem pessoas que sabem que possuem o vírus e infectam de propósito o parceiro sexual. Essas pessoas são conhecidas como ‘carimbadores’ e podem responder criminalmente”, explica a médica. (Texto: Marinalva Sampaio) – @drajoicelima

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