Refluxo gastresofágico: pacientes com obesidade tendem a desenvolver mais a doença

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O refluxo gastroesofágico ocorre quando existe um refluxo de conteúdo gastroduodenal (suco gástrico ácido ou bile) para o esôfago, causando sintomas ou lesões na mucosa (camada que reveste o órgão) esofágica. Essa doença é muito comum e acomete cerca de 25% a 28% da população nas Américas e na Europa.

Carleno Costa, médico cirurgião do aparelho digestivo, afirma que pacientes com obesidade tendem a desenvolver mais a doença, devido aumento da pressão intra-abdominal. Se agravado, o refluxo gastroesofágico pode causar também graves complicações, como o Esôfago de Barrett, e resultar em câncer de esôfago. Sobre o assunto, o especialista, concedeu entrevista exclusiva para o Jornal A Saúde.

Segundo, o especialista, os sintomas mais comuns do refluxo gastroesofágico são divididos em típicos e atípicos. Os mais típicos, mais comuns e mais característicos são a pirose (desconforto retroesternal geralmente relatado em queimação e tipicamente pós prandial) e a regurgitação (movimento de líquido ou alimento do estômago em direção a boca, sem náuseas).

Já, os sintomas atípicos são: dor na garganta, rouquidão, desgaste do esmalte dentário, pigarro, faringite, laringite, tosse ou sensação de nó na garganta (Globus). Além de presença de dor retroesternal ou disfagia podem ser decorrentes a hérnia de hiato, estenoses ou esofagite erosiva (complicações da doença do refluxo).

Recorrência do refluxo

“Todas as pessoas possuem um refluxo chamado fisiológico que seria aquele considerado normal para o organismo. É mais frequente em bebês até os 6 meses, em que o trato gastrointestinal está se desenvolvendo e amadurecendo. É aquele famoso retorno do leite (golfadas). Com um tempo a criança cresce e isso melhora ou até desaparece. O refluxo patológico já é aquele que causa danos a mucosa esofágica e gerando sintomas e que se não tratado pode dar muitos sintomas e complicações”, detalha Carleno Costa.

Ele esclarece que não existe comprovação científica para uma predisposição genética para o desenvolvimento da DRGE, o que existe é que os hábitos e comportamentos hereditários podem explicar porque em algumas famílias a ocorrência da doença pode estar presente em mais de um membro.

Ainda de acordo com o especialista, os pacientes mais acometidos ao refluxo são crianças e adultos com um hábito alimentar ruim, presença de obesidade, gestantes, devido os hormônios atuarem no relaxamento do esfíncter esofágico inferior e aumento da pressão abdominal. Idosos com presença de hérnia de hiato ou maus hábitos alimentares e uso de medicamentos podem apresentar a DRGE.

Exame para detectar refluxo gastroesofágico

Refluxo gastroesofágico: diagnóstico

O diagnóstico da DRGE é clínico, e se dá quando o paciente apresenta pirose (azia) ou regurgitação (retorno não forçado do conteúdo do esôfago e estômago sem a contração da musculatura abdominal) predominando no quadro clínico.

A doença do refluxo pode também ser confirmada ou definida através da Endoscopia Digestiva Alta mostrando esofagites erosivas graves, estenoses e esôfago de Barrett.

Para o paciente que apresenta os sintomas de DRGE, os exames que podem ajudar no diagnóstico são a Endoscopia Digestiva Alta em primeiro lugar, seguidos da phmetria de 24 horas e manometria esofágica.

Tratamento

O especialista destaca que o tratamento da DRGE é feito através de medicamentos antiácidos, como os alginatos, inibidores de bomba de prótons, antagonistas dos receptores H2 e bloqueadores ácidos competitivo de potássio, associados a medidas comportamentais e dieta, como evitar gorduras e frituras, diminuir ingestão de café, chocolate, frutas cítricas, pimenta, refrigerantes, bebidas alcoólicas e água com gás; e as modificações do estilo de vida como perder peso, elevar a cabeceira da cama, usar travesseiro antirrefluxo, comer e esperar duas horas antes de ir deitar, se alimentar de 3 em 3 horas, evitar o tabagismo, entre outros.

Médico fala sobre refluxo gastroesofágico

Médico Carleno Costa: “Não existe comprovação científica para uma predisposição genética para o desenvolvimento da DRGE, o que existe é que os hábitos e comportamentos hereditários podem explicar porque em algumas famílias a ocorrência da doença pode estar presente em mais de um membro”

Refluxo e obesidade

Em relação a recorrência, pacientes com obesidade tendem a desenvolver mais a DRGE, devido aumentar a pressão intra-abdominal e o Esfíncter Inferior do Esôfago não aguentar a pressão.

“Logo o conteúdo ácido ou biliar do estômago irá para o esôfago, o que pode causar danos na mucosa (esofagite). Pacientes com obesidade grave temos como alternativa para tratar o refluxo a cirurgia bariátrica”, sugere o especialista.

Da mesma maneira, pacientes diabéticos podem ter a Gastroparesia (diminuição dos movimentos peristálticos gástricos), ou seja, o esvaziamento do estômago é retardado e com isso paciente apresenta mais sintomas.

Além da Cirurgia Bariátrica, para o tratamento do refluxo em pacientes obesos, existem como modalidade de tratamento para os pacientes não obesos a Cirurgia do Refluxo Videolaparoscópica, onde é criada uma válvula antirrefluxo nova com o fundo do estômago e correção do hiato diafragmático, indicada para paciente com complicações da DRGE (esofagites erosivas graves, Estenoses e subestenoses e Barrett), pacientes com Hérnias de Hiato volumosas e para aqueles pacientes que não melhoram os seus sintomas com o tratamento medicamentoso e mudanças na dieta e comportamento.

“Ainda existe um tratamento endoscópico menos invasivo chamado Stretta, que possibilita a redução dos sintomas do refluxo, em que se aplica uma radiofrequência ao redor da válvula esofágica inferior, fortalecendo a mesma e fazendo ela fechar adequadamente e evitando assim o refluxo. Lembrando que cada paciente deverá ser avaliado para a possibilidade do tratamento. Não é uma técnica para realizar em qualquer paciente”, aconselha Carleno Costa.

Complicações

A DRGE pode causar graves complicações como o Esôfago de Barrett que é uma transformação das células da mucosa esofágica que é fator de risco para câncer de esôfago (Adenocarcinoma). Por isso, a importância de tratar essa doença.

Outras complicações são as subestenoses e estenoses, quando se “fecha” o espaço que passa a comida e o paciente começa a ter disfagia e dor e dificuldade ao engolir os líquidos e alimentos, podendo até ter entalamento de bolos de carnes na região. Outra complicação são as erosões graves que podem levar a dor intensa no peito e até perfurações e sangramentos caso o paciente apresente vômitos intensos.

Cirurgia bariátrica pode curar o refluxo gastroesofágico

Recomendações

O especialista recomenda que quem sofre de sintomas de refluxo procure o quanto antes o especialista para uma avaliação e não deixe de se cuidar. “A saúde é nosso bem maior”, finaliza o profissional.

SERVIÇO

*Dr. Carleno Costa (CRM – PA 11484) é Cirurgião Geral, Cirurgião do Aparelho Digestivo, Cirurgião Bariátrico e Endoscopista Digestivo.

Atende na Gastroclínica. Rua Nagib Mutran, 433. Cidade Nova. 2° andar. Marabá-PA – Cep: 68501-570. Contatos: 94 99305-4433 e 94 992281502.

Instagram: https://www.instagram.com/dr.carlenocosta.gastro?igsh=MTJzeW9mN2d0ajl0NA==

(Texto: Valéria Coelho)

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